sábado, 14 de maio de 2011

Marley

Um cãozinho meigo, dócil e de olhos piedosos, quando ele chegou não tinha nem 15 dias de vida e estava todo maltratado e cheio de pulgas. Quando o vi no colo da minha mãe logo soube que o nome dele seria esse: 'Marley' por causa da cor mel de seus fartos e enormes pêlos, que se tornaram macios depois de um longo e bom banho. Me apeguei a ele de tal forma, como nunca havia me apegado antes à um cão. O lugar preferido dele durmir é no meu quarto embaixo da minha cama. Aos poucos eles foi dando jus ao nome, não podia ver uns dedões dos pés dando sopa que lá estavam seus dentinhos afiados cravados, devorava sua vasilha de ração num minuto e se deixasse ficava preso dentro da geladeira, o carpete da sala e as almofadas do sofá ficavam repletos das marcas dos pêlos dele. Marley era assim, um cachorro arteiro, guloso, feliz e muito amado, que me trouxe muitas alegrias, e que me fez acordar várias vezes com suas molhadas lambidas no rosto. Numa tarde enquanto eu comita notei que ele estava triste e a partir de então Marley começou a adoecer e já não era mais o cachorro de antes, já não mais comia, não mordia meus dedos, nem ia me encontrar quando chegava da faculdade. Minha mãe e eu fomos suas enfermeiras e demos de tudo pra ele, foi arrasante ver seus pêlos caírem, suas orelhas murcharem e pior ainda foi ver seus olhos cheios de sangue em volta, tamanha era a dor que ele sentia. Nada parava no seu estômago e nem água mais ele aceitava, me cortava o coração vê-lo daquele jeito tão moribundo, e assim se passaram vários e intermináveis dias, e durante todo o tempo eu nunca cheguei a pensar no pior, não quis imaginar que ele poderia morrer e que eu poderia perdê-lo, mas com muita fé Marley pouco a pouco foi voltando ao normal, e agora graças a Deus já está tudo bem, ele voltou a ser o verdadeiro Marley, atentado e alegre. Ouvir o seu primeiro latido depois da recuperação foi muito emocionante,  lágrimas rolaram pelo meu rosto, porque naquele momento eu tive a certeza de que não o perderia. Pois por ele eu havia acordado durante várias vezes na madrugada só pra ver se estava bem, e me acalentava só de saber que ainda respirava. Agora sei que ele se recuperou, vejo no brilho dos olhos dele que tá tudo bem e que o mal já passou, porque agora quando me vê chegar ele já me encontra no portão com seus dentes a mostra numa forma de sorriso e felicidade, e essa é a parte mais feliz dos meus dias.

2 comentários:

  1. Tua pergunta é pertinente, basta olhar o quanto a ciência nos domina.
    abraços

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  2. Saudade é um pouco como fome.
    Só passa quando se come a presença.
    Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco:
    quer-se absorver a outra pessoa toda.
    Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é
    um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
    Clarice Lispector
    Uma feliz semana beijos ternos e carinhosos,,Evanir
    www.aviagem1.blogspot.com

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